segunda-feira, 29 de agosto de 2011


"E eu carrego comigo tudo o que eu não disse a você. Carrego aquele fim de tarde, aquela última noite e o último erro. Tenho em meus lábios aquele gosto amargo do fim de nós dois e ainda sinto aquela velha angústia. A mesma que me atormentara meses atrás. Minhas mãos continuam geladas, trêmulas. E o espaço que você não preenche mais parece estar criando vida; cresce e arde de forma desmedida. E sabe, eu te escrevo agora pois tenho muita coisa presa na garganta. Muita lembrança ocupando espaço, obstruindo. E me bate um medo tão grande quando me vejo tendo a certeza de que tudo isso é irreversível. Quando eu penso que nada poderá mudar o que foi dito e feito. E em meio a esse medo vou sendo esmagada pela minha própria falta de coragem; de mãos atadas vou assistindo meu espírito se tornar cada vez mais pesado. Assisto sem mover um músculo sequer porque nisso tudo eu não vejo mais saída. Não consigo mais re-inventar minhas esperanças, tão gastas. Me adaptei a inércia. Não há mais nada que me faça submergir."

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